30 de abril de 2015

Não desistas de mim.

Mesmo que eu não te convide para escutarmos no jardim, nos nossos cadeirões preferidos, ao cair da tarde, os acordes de Mozart e não te diga pela centésima vez que és um amor, não desistas de mim.
Mesmo que eu não te convide para o jantar de logo à noite, onde o teu prato preferido vai ser estrela e não me sente a teu lado com o vestido que te deixa bem próximo da sedução máxima (aquele negro coleante e lindo), e mesmo que eu não te premie com mais uma história inventada que te deixa –sempre- entre o embevecido e o incrédulo, não desistas de mim.
Mesmo que num próximo serão eu não me aninhe no teu colo e não te cante ao ouvido o “Talvez” da Carminho, naquele tom sussurrado que tira facilmente do sério, não desistas de mim
Mesmo que amanhã não tomemos banho no rio de prata e não te dê o prazer de me deixares salpicada de flores, e não corra atrás de ti para te fazer mergulhar até que peças –sonoramente- rendição, não desistas de mim. Quero estar contigo, com Mozart, com os jantares demorados ao pé da lareira crepitante, com as loucas histórias tiradas, sei lá de que gaveta da imaginação. Quero saborear as nossas loucuras, as nossas alegrias, as nossas aventuras que dão cor à vida. Quero olhar esse teu mar de azul e partilhar desse sorriso que dão voos e abraçam Almas. 

(Maria Elvira Bento)

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