29 de março de 2013

Sentir-se amado...





"O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.


Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.


Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.


A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também? Pactos. vAcho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.


Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando.


"Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".


Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água.


"Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato." 

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam
 a mágoa em munição na hora da discussão
Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro.
Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe
 assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido.
Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar 
um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.
Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz,
 mas fala; quem não concorda, mas escuta.
Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo".


(Martha Medeiros)




21 de março de 2013

O herói da minha imaginação...








Por ti, mexia nas estrelas e juntava-as para que o brilho te envolvesse, e no desejo de te olhar fixava o azul dos teus olhos e sentia asas nos meus pés. Não venhas na minha direcção, devagar, silencioso, como se transportasses, em segredo, toda a ternura do mundo. Não mexas os lábios sedosos, mas não fiques no silêncio de mil palavras que me provoca e desafia no encontro de vertigens. Não dês mais passos nem me olhes profundamente. Afasta as mãos do meu caos e do meu sonho.

Deixa-me testemunhar o ritmo dos teus passos, em câmera lenta, como se rompesses de um mundo desconhecido e te tornasses no herói da minha inspiração. Não coloques os braços nos meus ombros como se fôssemos dançar ao ritmo lento numa harmonia que arrepia. Não digas nada. Olha-me só como se o mundo parasse. Eu deito-me nesse olhar, nesse rosto, nessa mensagem e pergunto ao som cúmplice da melodia de violino que ecoa ao fim da tarde, se estás aí. Receio que esse olhar seja uma miragem. Ah! Não pode mesmo existir um olhar assim. 


 


Utora: Maria Elvira Bento. Fonte: Blog Brumas de Sintra




Eu sou um poema inacabado, que ninguém nunca leu
(Clarice Lispector)



13 de março de 2013

Solte as amarras





Você já teve a impressão que a vida de todo mundo vai pra frente e a sua não? Já se perguntou por que você não consegue isso ou aquilo? Alguma vez já pensou que você anda, anda e parece estar sempre no mesmo lugar?
Há muita e muita gente assim, que dá passos e mais passos e não avança. São pessoas atracadas a algum porto e que ainda não conseguiram se libertar.
Não adianta, se estamos amarrados a alguma coisa, não dá pra ir adiante. A corrente pode até nos levar de um lado para o outro, as tempestades nos atingirem e até mesmo o sol e lindas noites de lua, mas não saímos do lugar. São as amarras da vida, problemas mal ou não resolvidos. Coisinhas que julgamos pequenas e que deixamos pra depois, mas que, estando no nosso caminho ainda, acabam nos atrapalhando.
Muitas vezes pensamos que "deixar pra lá" resolve e acabamos deixando. Nos dizemos que o tempo é o melhor remédio e não digo que não seja. Mas não há remédio que possa funcionar se a raiz do mal continua intacta.
As feridas que carregamos no nosso ser, os relacionamentos doentes, mas deixados para o amanhã, os empregos que não nos dão nenhuma satisfação, fazem com que nossa vida ande devagar, mesmo se o tempo passa e envelhecemos com ele. Falta-nos coragem para tomar atitudes e é a vida quem decide do nosso destino.
Se você quer, realmente, que sua vida ande enquanto você é jovem o bastante para bem viver, solte as amarras. Lave a alma do que te atormenta, converse sobre seus problemas com as pessoas envolvidas; no trabalho, se você acha que é seu único meio de sobrevivência e que não pode ficar sem ele, então, mude sua maneira de trabalhar, procure encontrar satisfação naquilo que você faz.
Os horizontes existem para que não percamos a fé, para que possamos sonhar com o que há do outro lado e, quem sabe, seguir nesse rumo.
Ninguém pode evoluir se está aprisionado a alguma coisa. Se tiver que se apegar, que seja então à vontade de construir algo positivo da sua vida. Nunca espere pelos outros, nunca olhe para os outros se dizendo por que eles conseguem e você não. Evite comparar-se com este ou aquele, pois você é uma pessoa única e de qualquer maneira não existe ninguém perfeito, com vida perfeita. Dando o melhor de si, você vai perceber que seu potencial é muito maior do que você pensa. Dando o primeiro passo, que geralmente é o mais difícil, os outros se seguirão.
E se você acha que sozinho não vai conseguir, há um Libertador que pode ouvir seu pranto, segurar sua mão e te ajudar.

"Cristo é a verdade que liberta."

Solte as amarras da sua vida, sejam elas quais forem, uma a uma, devagarinho. Depois navegue...e seja muito, muito feliz!

© Letícia Thompson