18 de julho de 2012

O Sexo, o Amor e a busca do prazer na Terceira Idade








Completar 60 anos (ou mais) não é um bicho de sete cabeças e está longe de ser sinônimo de dependências ou de tristeza. Ao contrário do que muitos pensam a chegada da terceira idade pode trazer liberdade e muitas alegrias, desde que o corpo seja respeitado.



Muitas vezes, a sociedade contribui para que o idoso tenha esta percepção de menos valia porque as pessoas de mais idade sempre foram imaginadas como aquelas que estão se despedindo da vida. Porque se aposentou do seu trabalho, de sua função, aposentou-se da vida. Este preconceito acaba por privar o idoso de chegar à velhice de forma saudável, expressando o amor e a sexualidade, elementos por vezes negligenciados por eles. Paralelamente à dificuldade que se tem para a conceituação da velhice, há também a problemática da aceitação das práticas amorosas e manifestações sexuais em pessoas que se encontram na terceira idade.



É necessário questionar estas crenças distorcidas e mesmo os tabus frente ao exercício sexual, durante o processo do envelhecimento, substituindo-as por informações realistas e não preconceituosas. E certo que a idade pode vir acompanhada de desgaste no relacionamento afetivo, além de uma série de transformações físicas que, muitas vezes, acarretam doenças e outras dificuldades que interferem no sexo. Mas enquanto há vida, também há possibilidade de vivência sexual satisfatória e prazerosa, principalmente quando ocorreu e ainda ocorre o cuidado com a saúde geral e sexual, desde a adolescência.



O potencial para o prazer sexual não se extingue com o passar da idade. As pessoas sentem necessidade sexual até a morte, contradizendo a idéia de que na terceira idade não há vida sexual. Não há idade para o sexo, ou seja, homens e mulheres saudáveis podem se manter sexualmente ativos por toda a vida. Há mudanças, sim, mas elas não são responsáveis pelo fim da intimidade entre o casal.



Amar faz bem. Os cidadãos que chegam à terceira idade com disposição emocional para manter uma vida sexual ativa vivem mais e melhor. O amor tem sido apontado como excelente remédio contra a solidão, o abandono e a depressão, que são os mais sérios problemas enfrentados pelo idosos. Já se foi o tempo em que o homem ou a mulher que chegavam à terceira idade sentia-se incapacitado para desfrutar uma vida sexualmente feliz.




5 de julho de 2012

Luta contra o envelhecimento começa bem mais cedo








Medicina estética e hábitos de vida mais saudáveis permitem que mulheres adiem a chegada dos sinais da velhice





"A gente percebe que na cultura atual o binômio que define beleza é juventude e magreza”, afirma pesquisadora


Para as mulheres, a vida pode começar (de novo) aos 50. A medicina estética e hábitos mais saudáveis permitem que elas entrem na terceira idade longe de doenças incapacitantes e mais distantes ainda da imagem de vovozinha, às voltas com os netos, cabelos brancos, bolos no forno e agulhas de tricô. O contraponto é que a luta contra os sinais do tempo começam cada vez mais cedo. “A ideia de envelhecer bem é adiar ao máximo esse envelhecimento. , afirma a pesquisadora Joana de Vilhena Novaes, que estuda as doenças da beleza.


As novas tecnologias aliadas à medicina estética levam a resultados impensáveis. Quem imaginaria nas gerações anteriores uma diva com a beleza e vitalidade de Madonna pulando e cantando num palco, na casa dos 50 anos? “Hoje as mulheres de 50 parecem ter 40, 30 anos. É o resultado da cosmetologia moderna, com o ideal estético de um corpo liso, sem pelos, sem rugas, sem celulite, manchas, ou seja, sem nenhum sinal de envelhecimento”, afirma Joana. “Existe uma obsessão por superfícies lisas.”


Em paz com a idade Essa idolatria da juventude traz problemas quando os recursos e tempo investidos para esse fim são superdimensionados. “De um lado, a infância está erotizada. Meninas desde cedo ingressam no ritual de beleza, que estavam no âmbito da brincadeira e viraram parte do consumo. Por outro, no quesito vestuário, os manequins diminuem acintosamente e a moda se torna muito jovem, decotada, curta, feita para lolitas”, diz a pesquisadora.


De quebra, com a possibilidade de controlar o momento da maternidade, a imagem da mulher se dissocia da de mãe. “Isso altera a relação com o envelhecimento. Ser mãe não justifica mais a aceitação do envelhecimento, já que as marcas podem ser apagadas”, afirma. Joana cita o exemplo da gravidez das celebridades, que voltam a exibir um corpo malhado e em forma pouquíssimo tempo após o parto.


O desafio é estabelecer uma relação em paz com o envelhecimento, que permita desfrutar melhor cada década sem autotortura desde cedo. “A sociedade é muito mais condescendente com a feiúra e o desleixo masculino”, afirma Joana. “A mulher desleixada é vista como alguém que tem um problema de caráter, considerada menos mulher. Homem é avaliado sob outras insígnias, como poder e sucesso profissional.” A pesquisadora comemora o fato de que, por outro lado, a mulher não passa mais por uma morte simbólica para a sociedade ao ser mãe, como se já tivesse cumprido sua função. “Tem coisas positivas no culto ao corpo, como essa grande autoestima. Cada momento histórico tem seu paradigma social: o nosso é esse.”



Verônica Mambrini, iG São Paulo |