29 de abril de 2010

Sexo em plenitude, com qualidade e prazer



Quer mesmo saber se alguém está de bem com a vida? Nada é mais eficaz para medir o grau de satisfação diante da vida quanto a vontade de fazer sexo. Do mesmo modo, a falta dessa vontade, pode indicar uma insatisfação apresentada como uma grande angústia do ser.


O sexo tem a grande responsabilidade de fazer o ser humano se sentir vivo e o seu êxtase, a mais primitiva das experiências que o homem pode ter. Freud deixou para nós que sexo é instinto de vida em estado puro. Por ele, animais pulam cercas e seres humanos fazem muitas besteiras. Buscando-o, se adornam, se exibem, brigam e com ele fazem as pazes, da maneira mais gostosa que existe.


Sexo, quando é bom, é ótimo. Quando é ruim, ainda assim é muito bom. Mas o que mede se o sexo é bom ou ruim? Existem os mais gulosos, que precisam de pelo menos uma relação ao dia, e há quem se satisfaça com muito menos. Tem os que preferem o sexo mais ativo, violento e explosivo e tem aqueles que se contentam com o sexo baseado em carícias e gestos suaves, bem lentinho.


Incompatibilidade sexual tem em seu próprio nome a sua acepção: ela surge quando o casal enfrenta problemas de ordem sexual inerentes aos distúrbios de excitação, orgasmo ou de desvio sexual. O casal que convive com algum desses problemas, altamente geradores de ansiedade e angústia, encontra-se frente a uma incompatibilidade sexual. Um casal se torna compatível sexualmente quando os dois têm o mesmo apetite sexual. Porém, quando um é mais apetente que o outro — seu desejo é maior que o do parceiro — este pode ser um fator gerador de conflito, levando o casal a um descompasso sexual.


É bem possível que alguém renuncie ao sexo de maneira serena e consciente, sem se tornar um doente. Entretanto, permitir que, por preguiça, o desejo se dissolva no cotidiano, se mascare na doença ou se alinhe às raias das mágoas e rancores é desperdiçar a oportunidade de vivenciar uma das mais prazerosas experiências da vida. É abrir mão da própria vontade de permanecer nela.


O sexo bem vivido ou não, atinge todos os âmbitos da vida de uma pessoa. Um número alarmante de homens e mulheres no mundo todo, segundo pesquisas de alguns institutos, declaram que sua insatisfação e conflitos pertinentes ao sexo, prejudicam o lado profissional, familiar e social. O lazer fica impossível de ser vivido,"nada lá fora tem graça". Quanto à relação do casal, não é preciso nem comentar. Afeta a masculinidade e a feminilidade de cada um dos parceiros.


Pessoas maduras e saudáveis estão ávidas por uma vida sexual mais prazerosa, até bem mais tarde em suas vidas. Afinal, pra que viver mais se não se pode curtir os prazeres do sexo na sua plenitude?


Há meios de contornar o problema. Uma delas é a medicina com suas armas capazes de levantar até defunto. E os grandes beneficiados neste caso, são os homens, que, aliás, são as atuais vítimas da inapetência sexual. A indústria farmacêutica lançou em 1998 o Viagra para distúrbios de ereção, contudo o que se vê hoje em dia é que os homens estão sem vontade de fazer sexo. A partir dos 40 anos, os homens experimentam uma queda na produção de testosterona, o hormônio da libido. É um processo natural. Deles, 20% terão uma queda acima do normal — o que pode comprometer a libido. Nos homens, a falta de apetite sexual é um fenômeno muito menos comum do que a impotência.


As drogas para a disfunção sexual masculina, além de melhorarem a vida dos homens com problemas na cama, provocaram também uma mudança na vida de suas mulheres, que passaram a cobrar dos parceiros mais disposição para o sexo. O mais interessante é que agora, elas não perdem tempo em buscar ajuda de todo tipo, em consultórios de terapia, em sex shops e em cursos para apimentar a relação.


A baixa libido é a queixa mais freqüente nos consultórios de médicos e de terapeutas. São mulheres angustiadas por não conseguirem corresponder à procura do parceiro por sexo e de homens assustados ao constatar a falta de apetite sexual que tempos atrás nem era cogitada. Para essas pessoas, principalmente para os homens, o problema não é necessariamente a dificuldade em "funcionar" ou em "chegar lá", mas o desânimo até para pensar na coisa em si.


O que pesa muito sobre o desempenho sexual pode estar relacionado sim ao massacre pelas tensões da vida contemporânea, por disfunções hormonais e pela insensibilidade adquirida na rotina com um parceiro de leito de muitos anos. Mas o que vem pesando mesmo atualmente é o fato de as pessoas nunca terem dado tanta atenção ao assunto, como agora dão. Antigamente, como não se podia falar tanto e nem pensar tanto sobre sexo, homens e mulheres se resignavam às limitações impostas pela falta de desejo. Hoje se preocupam com o problema e buscam solução.


Se as mulheres se acham incompreendidas, os homens também alimentam as suas mágoas. Terapeutas lembram que, por trás de um parceiro sexualmente desaquecido, pode estar, por exemplo, um homem nocauteado em sua auto-estima. Várias causas levam à baixa estima, que pode esfriar o desejo masculino. O mais triste é quando os homens se convencem de que estão apenas momentaneamente cansados ou transferem a responsabilidade para suas parceiras, dizendo que ela já não é mais tão atraente ou que não sabe estimulá-lo. Pior ainda são aqueles que por relaxamento não procuram suas parceiras e atendem aos seus mínimos impulsos sexuais, masturbando-se no banheiro ou na sala enquanto ela dorme, condenando-as à abstinência sexual e aos seus efeitos psíquicos e emocionais.


Importante citar as razões orgânicas: problemas de ereção, ejaculação precoce ou preocupações quanto ao tamanho do pênis. O que pesa muito ainda sobre a virilidade é a terrível relação "sucesso profissional e performance sexual". O homem mal realizado profissionalmente pode deixar refletir seu insucesso na cama, pois seu símbolo de poder masculino, o pênis, pode sofrer influência pela circunstância. A depressão decorrente de acúmulo de problemas ou de um trauma qualquer também pode afetar a libido masculina.


Mas há o que se fazer quando não se tratam só de ansiedade, frustrações ou distúrbios hormonais, para que o casal que se ama não deixe de usufruir as maravilhas do sexo. Se aquele fogo de outrora foi reduzido a uma pequena brasinha pelo cansaço do cotidiano, pela chegada dos filhos, pela rotina, pela falta de novidade ou pelo envelhecimento dos corpos, o casal deve procurar combater a ação desses fatores, munido de boa vontade e de um enorme desejo de viver em plenitude, com qualidade e muito prazer.


Existem hoje em dia, várias formas de terapia para auxiliar pessoas com estes problemas. Os homens, antes de apelarem para as drogas da ereção, que mascaram o verdadeiro problema, podem, por exemplo, buscar auxílio nas salas de ioga, onde além de conseguirem equilíbrio e concentração de altíssima qualidade, fortalecem os músculos pélvicos, responsáveis por uma ereção de melhor qualidade. Equilíbrio, concentração e tônus muscular, é igual à virilidade garantida. Existem várias alternativas. É só combater a preguiça, os maus pensamentos, os conceitos modernos de poder — os quais, já está provado, não satisfazem a ninguém —, arregaçar as mangas e... mãos à obra.
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Autora: Jussara Hadadd é Filósofa e Terapeuta Sexual Feminina



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