20 de fevereiro de 2010

Buscando a plenitude e o prazer no presente...

 Ao longo de minha já alongada existência, passei pela experiência de conviver com duas pessoas inteiramente opostas no que tange a maneira de estarem na vida e de encararem os problemas que ela nos propõe a cada dia. Uma delas foi a minha querida mãe, a outra foi meu já falecido e jamais esquecido marido. Ela passou todos os anos da nossa convivência nutrindo-se do passado, notadamente do passado negativo, dos momentos infelizes, das amarguras e fracassos, colocando-se como eterna vítima de pessoas e de fatos. Tornou-se amarga, sempre a se queixar de todos e de tudo, vivendo intensamente a insatisfação resultante das perdas e das decepções que sofreu, dos sonhos que não realizou. Fiz todo o esforço possível para incutir-lhe a minha teoria sobre a valorização do presente, em vão. 


Ele era o oposto disso tudo, como eu, acreditava que o âmago da vida, a sua beleza e os prazeres que ela nos traz estão unicamente no tempo presente, no agora, no instante imperdível em que estamos vivos. O passado era um peso morto, não lhe acrescentava nada, a não ser sentimentos que o poderiam amargurar, especialmente as lembranças das perdas das pessoas amadas. O futuro não o preocupava, era o grande e insondável mistério que aguardava serenamente. 


Certa vez, ele me disse o quanto sofreu com a morte inesperada da primeira esposa, seu grande amor da juventude, com quem vivera os doze anos muito felizes. Então, passou a combater qualquer lembrança dela e do que viveram. Concluiu seu relato dizendo-me: “para sobreviver, matei a memória: esqueci!” Eu sentia uma
grande admiração, uma imensa atração pela falecida (que só a teoria da reencarnação e de vidas passadas, poderão explicar). Daí que perguntava sobre ela, sobre a vida deles. 


No começo, ele recusava-se a falar. Quando cedeu à minha insistência, confessou que nunca mais, desde o seu propósito de sufocar as lembranças, nunca mais havia falado nela e que eu o fizera relembrar tudo, mas sem sofrer, sem chorar, sem sentir a dor rasgando-lhe o peito. Sorriu para mim e disse: "talvez o bálsamo na minha ferida tenha vindo com o amor que sinto por você. Voltei a amar e a ser amado, tive a sorte de conhecer duas mulheres maravilhosas, uma nos verdes anos, a outra na velhice, ambas unindo as pontas da minha vida. Fui e sou um homem feliz!"


Este homem sofreu os horrores da ditadura, perdeu o único irmão ainda jovem, perdeu os pais e a esposa, ficou sozinho durante 30 anos e, mesmo assim, nunca deixou de amar e viver a vida com encantamento, deslumbrado com o fenômeno da existência, com o milagre de existir. Mas, vivia, de fato, o presente. De tal forma que, se eu tivesse uma zanga com ele, pela manhã, e à tarde fosse pedir desculpas, ouvia sempre a mesma resposta: “quando foi que te zangastes comigo? “ E, quando ouvia que foi pela manhã, abria um sorriso luminoso e dizia: “meu bem, mas isso é passado. O que se passou pela manhã já não existe mais no presente. O presente és tu aqui juntinho a mim e a felicidade que sua presença me traz.” E assim viveu até os seus 85 anos de idade, sempre encantador e otimista, espalhando alegria e sabedoria à sua volta.


Minha mãe foi até o último dia de seus 93 anos se sentindo infeliz, desperdiçando longos anos a cultivar amarguras, não conseguia enxergar as coisas boas que tinha a sua volta, fixada no passado e vivendo seu papel de mártir e sua infelicidade crônica. Dava-me a impressão de que não se sentia bem, quando não tinha de que se queixar no presente, mergulhava no passado e ficava remoendo desgraças, ingratidões, reativando mágoas e rancores já tão antigos! Eu lastimava que assim fosse, mas era impotente para convencê-la a enterrar o passado e a fruir os anos despreocupados da velhice.


Imaginem com qual das duas pessoas eu fui feliz e frui os bons momentos que passamos juntos, apesar da diferença enorme entre as nossas idades? Claro que foi com ele. Graças a ele, minha auto estima e minha auto imagem foram resgatadas, reforcei minha filosofia acerca do valor de viver o presente, só guardando do passado as coisas boas, transformadas em lembranças guardadas no baú da memória. Há 14 anos, ele partiu para outra forma de vida, mas nunca esqueci o que ele me pediu uma semana antes de deixar-me: "se eu for primeiro, nunca se deixe esmagar pela saudade e pela tristeza, não permita que uma vivência que foi tão gratificante e bela seja destruida pela dor que sentes. Quando sentires saudade de mim, olha para a Natureza: eu sempre estarei nela. Viva o presente."


E não eramos apenas meu marido e eu os únicos a pensarem assim e a desenvolverem uma filosofia de vida voltada para o tempo presente, vivo, pulsando de energia e sempre se renovando a cada instante. Gostaria de passá-la para outras pessoas que, talvez estejam vivendo como a minha mãe viveu, desperdiçando as chance de fruir as coisas boas e simples da vida, entregando-se às mazelas da terceira idade, sem se darem conta que ainda podem encontrar muitas razões para se sentirem felizes. Para reforçar o meu depoimento, selecionei um ótimo texto, de autor desconhecido, que espero venha a servir a muitas pessoas que são leitoras deste blog tão interessado em ajudar e apoiar quem precisa de uma boa palavra, de auto ajuda ou de informações para ajudarem a outras pessoas.
(Escrito por Eva-RN)





Só há vida no presente



Só há vida no presente. Acompanhe comigo este raciocínio: o passado passou. Já não existe mais e nada e ninguém o fará existir. Só a nossa imaginação é capaz de viver neste tempo morto. Através dela experimentamos sentimentos que se foram, mas deixaram marcas nas nossas emoções e no nosso corpo. E é através dela que podemos limpar estes sentimentos, apagando a memória que eles deixaram. O futuro ainda não chegou. Portanto, também não existe. Só nossa imaginação pode viver neste tempo que ainda estar por vir. Portanto, não há outra alternativa a não ser: VIVER NO TEMPO PRESENTE.


Viver cada segundo com a intensidade de um dia todo, viver como se a vida não fosse continuar no minuto seguinte. E isso exige que estejamos presentes no momento presente. Como? Ouvindo o que acontece ao nosso redor, vendo o que se descortina sob nossos olhos, sentindo o que tudo isso causa no nosso corpo físico, mental e espiritual. Participando de cada segundo com toda a energia, como se estivéssemos nascendo naquele segundo exato com toda a nossa força direcionada para este esforço. Fique no presente, fale no presente, pense no presente. Porque viver no passado ou no futuro é muito fácil, mas nada acrescenta. 


Eckhart Tolle, em seu livro O Poder do Agora (Editora Sextante) escreve: Os problemas são obras da mente e precisam do tempo para sobreviverem. Não podem sobreviver na realidade do AGORA. Concentre sua atenção no AGORA e diz-me que problemas você tem neste momento. Eu diria: os problemas são obras da sua imaginação, que consegue fantasiar o futuro e manter o passado vívido. Os problemas precisam do tempo (passado e futuro) para sobreviverem. Concentre toda a sua atenção no presente, no momento, no segundo em que está vivo e agora me responda:- Onde estão os seus problemas?


Podemos perceber muitas vezes pessoas que estão ao nosso redor e que, na verdade, não estão ali. Falamos, mostramos, desenhamos, fazemos analogias e quando terminamos a pessoa faz a mesma pergunta com a qual iniciou a conversa. Na verdade, as pessoas não querem estar presentes, não querem sentir o impacto que as ações causam. Querem respostas prontas, fáceis. Querem soluções mágicas sem passar por nenhum processo. Querem viver no torpor repetindo situações e sentimentos do passado ou sonhando com situações e sentimentos do futuro.


E quando não encontram estas respostas fáceis (felizmente, porque elas não existem) dão de ombros e vão em busca de outras formas de obter estas respostas fáceis. Um copo de bebida pode ser uma resposta fácil. Uma relação sexual também pode. O uso de uma droga, também pode. E depois que o efeito passar? Fuja das respostas prontas, imediatas, especialmente aquelas que você pode pagar por elas. Normalmente não tem efeito muito duradouro. São respostas ao desejo. Não são respostas para a Vontade. São respostas que tiram você do tempo e projetam todo seu ser no mundo da não ação."
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Autor desconhecido. Se alguém conhecer o autor deste texto, gostaria que me informasse, para que eu lhe dê o crédito da autoria.

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